ESTRADA

Amiga estrada.
Companheira de jornada.
Senhora dos meus destinos.
Sigo em teu traço me seguindo
e seguindo outros passos,
lento ou apressado,
caminhando ou de caminhão,
de carro ou de carroça,
de bicicleta ou de motocicleta,
de pau de arara ou de ônibus com ar condicionado.
Minha direção é teus sentidos.
Quando és de chão,
o vento desmancha as marcas deixadas em ti
e corre a poeira toda atrevida, toda atiçada.
Teus buracos me fazem balançar como um epiléptico.
Quando és bem cuidada, vira um tapete mágico.
Entre tuas faixas, o asfalto silencia.
As tuas placas me contam encantos e perigos.
Nas curvas, meu coração pára.
Nas retas, ele acelera.
Em disparada,em marcha lenta,
sou seduzido pelo teu riscado
que é mais que um poema.
É o dedo de prosa na linha do passe
para além do horizonte.
Estrada amiga,
tu és a amante dos andarilhos,
a passarela das lavadeiras e dos bóias-frias,
o corredor da produção,
o passatempo dos pacientes,
o leva e traz de gente querendo gente,
o solo dos pássaros,
o palco da boiada,
o início, o meio e o fim de um encontro.
Entre um forte abraço e um aceno de adeus,
uma boa viagem se faz nos laços teus.

* Marcos Fabrício