República do Pensamento

FORA DA LEI SECA
manifesto de Dionísio

Quem fez essa lei
Não molhou a palavra
Estava seco por uma solução
Deixou a sobriedade de lado
Agiu de porre e estava na direção
Consciência se faz no bolso
Se esquece da educação
Age assim quem está no volante
Dirigindo a nação na contramão
Baseado na lei do menor esforço
Mata a vaca com o carrapato
E não se ataca o “xis” da questão

Oito não é oitenta
Dose não é overdose
Má idéia não combate a Boa Idéia
Pega leve, seu guarda
Não grite comigo
Com esse bafo de onça
Não esperou eu molhar o bico

Bar doce bar
Lei salgada lei

Deixo o carro de lado
Como manda o figurino
Vou de táxi iludido
Mas a bandeira dois me dá um soco no saco

Haja tutu, e o feijão tá caro!

Vou de baú da tristeza
E a espera é grande
Espreme sardinha para todos os lados
Em busca do tão suado espaço
Na apertada roleta da vida
Passagens não param de ser vendidas
Mesmo com a lata velha lotada

Haja tutu, e o feijão tá caro!

Vou a pé meio arredio
Gasto sola do sapato
Rezo pra não ser assaltado
E pulo de poste em poste para ser melhor iluminado
Quem devia cuidar de mim está cuidando da multa
E, por me deixar pra escanteio, nunca é multado

Haja tutu, e o feijão tá caro!

“Aprecie com moderação”
Serve também pra quem bate o martelo
Quem apita o jogo não pode ficar de fogo
Se não, na hora H, não sai do zero

Vou tomar uma providência
Toque de recolher para esta lei seca

É mais fácil acusar
Os admiradores de Dionísio
Como culpados pelo incêndio
Do que punir os responsáveis
Pelo Estado bombeiro

* Marcos Fabrício