RASGANDO O VERBO
Eu berro porque o instante exige
e a vida burocrática está uma merda.
Não estou alegre nem sou triste,
muito menos sou pateta.
O Grande Irmão é amigo da onça.
Gozar das coisas me atormenta.
Vim da Terra do Nunca
e digo que até lá tem Capitão Gancho.
Quando desmorono, vivo em terremoto.
Quando edifico, vivo em construção.
Quando permaneço, aproveito e floresço.
Quando desfaço, nó virá laço.
Só sei que nadar eu sei.
Antes boiar do que afundar.
Sei que toco o berrante
para romper o silêncio da cidade.
E um dia sei que estarei mudo:
– rasgarei o verbo em outra comunidade.
* Marcos Fabrício
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