SOCO NO ESTÔMAGO
aquela comida que você jogou fora
foi a janta que eu pus pra dentro
disputo com o seu cachorro
o osso que sobrou do almoço
você usa e abusa do guardanapo
e eu não tenho sequer um prato
como fora
- meu bandejão é o cesto de lixo -
e limpo a boca na folha de um velho jornal
de garfo e faca, você se acha o tal
enquanto cato com as mãos sujas a gororoba marginal
você come até encher a barriga
eu só como na hora que pinta
você tem luz e água tratada
eu tenho pus e só levo pancada
acontece que seu coração é mais duro
que a ordem dos tratores do "meu" viaduto
você bebe pra [me] esquecer
eu chuto a lata pra lembrar [de você]
eu estou cheio do seu papo furado
e você anda vazio, escondendo o cardápio
*Marcos Fabrício
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