República do Pensamento

POESIA DE ACEITAÇÃO

São onze horas e a menina ainda não chegou
Se esgueira dentro de sua soberba
És menina, mas se traveste

Sinto que posso ser quem quero
Tenho tudo que não quero
Amor é aquilo que não sabemos

Temos o que podemos
Por isso temos
Demais é o são

Estou de volta, agora já podes desdenhar
Seja aquela, volte ao poder
Mas tome cuidado, podemos chorar

Quando o que me tornava calmo veio
Tornei-me o louco, maconheiro burro
Clamei aos céus por entorpecentes

Me veio ela com seus leves sopros de poder
Calei, mas não posso me calar diante do podre
Pouco a pouco me tornarei outro

Terás a garantia de decidir que parte
Em cima não há nada, só o limbo
Nos seguremos aqui menina

Não seja velha, preciso de juventude
Morrer é muito para mim
Cuidado se pensas que estas velha

Não pode ser assim, novo é tudo
Todo o sentimento é novo
Sua cara é nova, a minha sangra

Sou louco e peço que entendas
Não tenho coerência
E essa é minha sapiência

Não me cobre nada, pois nada tenho
Vivo, vivo sim, mas poesia
Não, não, mil vezes não

Calar a voz do poeta é pedir morte
Não, não, não me peça para calar
Me aceite assim, louco e desbocado

E estarei sempre pronto a sorrir
A fingir que existe o amor
A estar por aí, perto de ti.


* Gustavo Lucas