República do Pensamento

Brasília, hoje é dia de julho do novo milênio em 2005


Marcos Fabrício,

certo de que os dias são esses, vou a caminho do tempo. Espero. Paz e paciência é a receita do poeta. Repito o dia todo. Todo o dia. Todo o infinito. O infinito só é infinito porque anda em círculos. Prevejo o futuro que já tive. Fumo. Chama e fumaça antiga. Meu amigo louco de pedra. De rocha. De lua. “A dor da gente não sai no jornal” (Chico). Abraço sua carta. Amo seu olhar. Sou bobo. Tento ver criança. Ser. E amigo não pede por padecer. Padece. Vem o que todos nós esperamos. Do lugar agora a vida até a aurora. O dom da árvore é ser dura. Duro poeta. A máscara do remorso perdido um dia vem à tona. Eu fico com o eterno, eles com o arrependimento e o remorso. Eu o momento, eles, pavor. Eu somos nós.

Nada é o acaso. Pois nada é por acaso. Acaso que nunca é por acaso.

TRANSFORMAÇÕES.

Trepidar ao ouvir o som da limpeza das palavras. Desaprender. Você lerá na carta. Articulo o que deve estar por aí. Por todos os lados da caneta tinteiro preta. A morte chega sempre. E os cemitérios estão fechados. Murados e gradeados. Vida. Imagem que tenho. Nós dois na barraquinha de cachorro quente. Faculdade. Primeiro papo. Não lembro o assunto. Passado. Agora livros. Digo que você acredita em mim. A única pessoa. Sei que entendes. Deposito em ti meus dez reais. Não valemos nada. E eles com medo de sentir fome. Têm possibilidades na vida. Não querem ver. Eu vejo. Você vê. Vê?

Vou indo que amanhã foi ontem e ao agora estamos presos, abraço fraterno do pô-é-tá!


* Gustavo Lucas