República do Pensamento

POEMA TARADO DE UM ANÚNCIO DE JORNAL


João Garanhão era um colecionador de anúncios de acompanhantes.
Ele se deliciava com a riqueza de detalhes
contidos nas descrições provocantes das piriguetes.
Lá vai ele com a cabeça enfeitada
à caça de mais uma garota de programa comercial.
Sua fantasia erótica era ser enjaulado
na gaiola das popozudas e das preparadas.
Queria ser o tigrão do bonde.
A duras penas, o galinha conseguiu guardar as economias,
querendo faturar a gatinha mais linda do bordel.
Aquela altura,
um investimento com retorno garantido,
pensava a cabeça de baixo.
A de cima prontamente concordava.
Garanhão vivia duro.
Deu mole, chamava o Azulão.
Ao chegar no Setor Puteiro Sul,
entrou na zona franca da azaração.
Tirou sorte grande logo de cara.
Grátis um boquete-pinto.
Empolgado,
bebeu um whisky com red bull, para dar asas.
Caiu
do alto
da fantasia.
E não levantou nem com reza brava.
A puta tinha sido sua catequista.


* Marcos Fabrício