República do Pensamento

LINHAS MÓVEIS
(poema publicado no Correio Braziliense, em 25/10/2001)

A morte é a certeza de que se viveu
O jornalismo é a liberdade de uma sociedade anônima
O tempo é o consolo do esforço gasto
A pena é o rastro da galinha
O microondas é o fogo discreto que esquenta
A indecisão é a arte de ver além da certeza
A linha se modifica quando se tem a curva
A reta é o ponto de afirmação da linha
A coincidência é o sinal concreto do fantástico
O espírito é o procurador geral do não vivido
O riso é um oceano nada pacífico
A fome é o vazio insustentável
A solidão é uma prova de resistência
O planalto é a tentativa de se ter planos
A montanha é o ponto de onde se quer destaque.

* Marcos Fabrício