República do Pensamento

PALCO

Despeço-me de mim
No camarim
Agora vestido de alta nudez
Faço uso de um figurino
Fiel à doce fantasia
Guardada pelos loucos

Afino o instrumento
Para dar conta do acorde
De acordo com a minha intimidade
Cochicho com a banda
Os últimos detalhes do show
Dou uma última olhada na seqüência das canções
O melhor tom de mim

É hora de subir no palco
Assumo o controle do espetáculo
Desgovernado de regras

A partir daquele momento
Vou transformando desafinações em melodias
As canções que nasceram do cansaço
Descansam os ouvidos que acolhem o perfume gerado pelo suor

Componho porque não dou conta do silêncio

Os fãs me acompanham
Nas letras que fiz desacompanhado
As vaias da auto-crítica
Não abafam os aplausos do respeitável público
Que torce por mim
Todo o torcedor só vê metade do espetáculo
Mas é justamente nessa metade
Que se encontram eu e o violão
Invioláveis

* Marcos Fabrício