República do Pensamento

AFROARQUITETADO

sou fruto
da transa
sou fruto
do transe
entre minas e maranhão

sujeito transado
nasci na contramão
de braços abertos
surge o menino-avião

sou cisne preto
à procura do lago paranoá
nosso amor não cabe terceira ponte
porque vem direto da fonte

marcos vem de marte
deus da guerra
bom de conflito
não gosto de confronto
amor só é legal
se sair do ponto final

adoro conversa sabor reticências

fabrício é aquele que fabrica
sai dessa fábrica bendita
meus versos tirados de ouvido

lopes da silva
disfarce para o lobo da selva
suco de mim é a natureza
cultura é o encontro da bela com a fera

para adoçar a minha vida
não quero o adoçante
vendido pelo mundo light
prefiro mergulhar de cabeça
para compreender as sementes
que não vingaram

mordo rindo
lato chorando
me olho no espelho
cerrado humano
torto dentro do plano
me fiz mais ou menos assim
mais ou menos assado
afroarquitetado
saí do traço de niemeyer
nasci no asfalto
quero o barro

* Marcos Fabrício