República do Pensamento

CANTO DA SEREIA




A mesa posta em frente ao mar
Um gigante morto na areia
Baleia
Azul
Serei eu? Ou será Deus?
Thiago Júlio Diniz




Deus de braços abertos
abraça o mar

O mar emocionado
com aquele abraço
revela em ondas
a admiração nutrida por Deus

As ondas excitadas de prazer
fizeram cócegas nos pés de um gigante
Pela primeira vez
ele riu
deixando aquela pose de durão
Resolveu ouvir o canto da sereia
Foi mar a dentro
Trocou o suspiro pelo respiro
Morreu de amor
Voltou à beira do mar
Como defunto-autor
De minha curiosidade

Deixei a mesa de frente para o mar
e fui ver aquele corpo estendido no chão
Comecei a ouvir o chamado da sereia
As ondas me levaram
para lá e para cá
em um balanço
que ninou meu coração
Barquinho de papel
promovido a titanic
mergulhei
querendo ser peixe
até que mordi a isca
da pescadora de vidas

A sereia tirou onda com a minha cara
Assim como o gigante morri na praia

Mas quem foi que disse
que amar é ficar sentado à mesa
esperando a sereia chegar?

Amar é seguir o canto da sereia
mesmo que, para isso,
você tenha que morrer na praia



* Marcos Fabrício