República do Pensamento

NUVEM DE CALÇAS
para Maiakovski

A tela do horizonte
tomou conta do meu olhar
como uma babá cuidadosa
zela pelo pequeno futuro.

Repousei minha atenção
no sossego daquela paisagem.
De repente, estava em plena viagem
através das asas da imaginação.

Como a mãe que embala o filho,
o céu me fez nuvem de calças.
Abençoado por receber aquela graça,
lavei a alma. Chovi.

Conheci o sol, e pintamos juntos o arco-íris.
O oceano grandioso agradeceu as minhas gotas.
As árvores estenderam seus galhos
à espera de um abraço.

Beijei loucamente as flores
E saciei minha fome de menino
Com fruta tirada do pé
Aproveitei a sombra para ficar mais perto de minhas raízes.
Enquanto acariciava a terra,
aprendi que podia semear estrelas.

* Marcos Fabrício