República do Pensamento

a dona da ventania

repousavam os óculos escuros ali,
a expressão, serena, compreendia e aceitava o inevitável:
tinha que haver algum grau de tolerância.

a tolerância para poucos, que avessos aos ventos gélidos,
os restringiam,

a grande maioria que endossava as ventanias pungentes.

Mas ela, ah, ela,

a dona da ventania,

me movia e agitava, silenciosamente,
me sorvia e conflitava, repentinamente.

Turva, minha visão teimava em se espelhar,
na expressão indiferente, entrelinhas, a me conquistar
novamente e novamente replicar meu gosto bom,
por coisas não tão boas,
mas marcantes.

Cafetina do meu coração, pensa que a deletei de mim,
mas se houvesse reset pro amor, as boas lembranças seriam também levadas
para longe, em definitivo.

Mas permanecia, imperatriz de minhas fantasias intensas,
a dona do frescor que tanto desejo resgatar, em breves dias.


* Luiz Cláudio Pimentel