NO BALANÇO DO BALAIO
buzinas e apitos
motores e britadeiras
música urbana
buraco no asfato
rua ferida
vida por um triz
trem nostálgico
luto de maquinista
motoristas de quatro
vitrine fantasma
modelo é o manequim
você não está na moda
nariz na cola
porque flores
só se for no caixão
chove chuva sem parar
rio virando mar
nessa manguetown
vendedor de loteria
traz sorte grande
para quem tem mania de azar
vem a passeata
serpente de mil cabeças
um só ideal
ergue-se o urubu de turbina
no oceano de ozônio
cruz nas alturas
o poste que nos ilumina
é o melhor amigo
do cachorro apertado
espinha de peixe
presa nas latas
novela sangue de barata
sobre a capital
brilha a moeda de prata
lua cheia de porrada
* Marcos Fabrício
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