República do Pensamento

MAIOR BARRACO


Apronto maior barraco
Faço a minha construção
“Vivo” subo no morro
Carrego tijolo
Bato minha laje
O teto do meu cafofo
É de estrelas
O chão é infernal
As paredes têm ouvidos
Ouvidos de policial
Desfilo de cabeça erguida
No meio das balas
Que abala o seu coração
Ando com a paz na cinta
Carrego marmita
Vou pra estação
Antes um beijo na nega
Outro nos filhos
Bom dia aos amigos
Aquela emoção
Sigo pro batente
Buscando na frente
Descanso e pão
Chego do trabalho
Cansado
Tomo uma no bar
Pra ficar relaxado
Batuco meu samba de mesa
Todo prosa e contente
Pra manter o gingado
A vida é tão dura
Mais parece o poste da rua
A luz dos meus olhos
Não vem da Cemig
Vem da lua
Não tem água tratada
Para tratar da minha sede
Mas quem me dá água na boca
É a dama da noite
Que cuida do seu canário
Mesmo pobre e lascado
Sou nego bonito
E também muito amado


* Marcos Fabrício