República do Pensamento

PRETO POMBA


Sou preto pomba
Que desarma branco bomba
Falo a verdade do porão
Contra a mentira do timão
Abro o mar com meu negro drama
Meu corpo é fechado para a fama e a lama
Não tem senhor que mande em meu destino
Sou pérola negra que tem o próprio brilho
Driblo chicote com a minha ginga
Capitão bobo leva rasteira
Na capoeira come poeira
Quilombo rei, Zumbi, me defenda
Faço gol de letra debaixo das canetas
Com sangue e suor
Escrevo a minha vivência
Sambo de dia

Sambo à noite
Quem fica parado
Com saudade do tronco
Desmamado bezerro
Só fica pastando
Ovelha negra
Ponta pé no pastor
Ponta pé no doutor
Homem direito
Nesta terra Brasil
Anda na marginal
Sob a mira de um fuzil
Pátria que me pariu
Agora assume
Sou filho das tuas ruas
Casa grande nunca me coube



* Marcos Fabrício