República do Pensamento

VIDA DE MANSÃO


vida de mansão vista por um cão de guarda


gasta o latim que o canil não tem


é osso duro roer a carne


de quem se aposentou como vampiro exemplar


a língua travada pelo papo chinfrin


proibido estacionar para o profundo dizer


beijo no rosto disfarce de cuspe deixou saliva


açúcar na formiga dos outros é vespeiro


abelha abelhuda só sabe fazer mel


brocho quando vejo enfermeira


injeção na veia deixa mingau sonrisal


sexy é pôr o nariz onde não é chamado


rádio tititi entra no ar


sem gás a conversa mole do plantão do tédio


papagaio de pirata recebe o título de capitão gancho


quem entende das ideias também tem o miolo mole


meu traje de gala está no varal da dona da pensão


como é doce a rapadura do marcão


* Marcos Fabrício