República do Pensamento

À FLOR DO ESPINHO
seguindo "O Que Será (A flor da Terra)",
de Chico Buarque & Milton Nascimento


O que me dá que me dá
Que ando escutando
Atrás das portas?
Que ando costurando
Versos e provas?
Que ando sussurando
Comendo torta?
Que ando bem à beça?
Ando de toca?
Que ando acendendo
Barcos a vela?
Estão perdendo o salto
Pelos mistérios
E piram nos armários
Que com cerveja
Está de brincadeira
Me dá que me dá
O que não tem cereja
Nem vindo pra cá
O que não tem conserto
Nem se emendá
O que não tem tacanho...


O que me dá? Que me dá?
Que vive na boléia
Dos delirantes
Que xingam os motoristas
Tão fascinantes
Que juram os pedágios
Ali tarados
Está na Roma Antiga
Dos maltratados
Está na proteína
Dos indecisos
Está na agonia
Das imperatrizes
No plano dos benditos
Dos precavidos
Em todos os perdidos
Me dá que me dá
O que não tem falência
Um dia terá
O que só tem usura
Vai logo acabar
O que não foi partido...

O que me dá? Que me dá?
Que todos os sorrisos
Vão se destacar
Porque todos os incisos
Não vão vampirar
Porque todos os mimos
Vão nos afagar
Porque todos os micos
Vão se mostrar
E todo mauricinho
Vai se tocar
E toda a patricinha
Vai desconfiar
O que não tem remédio
Vai logo curar
Orando por acesso
Vou sossegar
O que não tem império
Nem nunca terá
O que não tem coroa
Nem nunca terá
Pra que tanto perigo?




* Marcos Fabrício