República do Pensamento: Eu viva

Eu viva

Não ser esta que escreve
Não ser esta que você lê
E pensa que conhece
E acha que entende
E que é real toda a interioridade
Mas isso é nulidade da memória
Da luta contra a indiferença
Tentativa de assegurar essa permanência fugaz
E de não ser tão seca
além do que já se é
Permanecer terrível
Árvore da divagação
Transcendência efêmera empírica
Mutação dessa alma
Sempre falsa, e desconhecida
Só aqui ela tem vida
Que desampara seus próprios complexos
Cheios de preces pagãs
Mas não domina a sua atuação
Se apegar é dever
Quem não tem nada que é livre
Mas o nada é concedido
Implacável fado
Se veres, frusta-te
Desacredita a pureza
Coisificação decadente da beleza
Doença da sensação
Pesadelo da desilusão

*Scarlat