República do Pensamento

PRETO POMBA
 
sou preto pomba
que desarma branco bomba.
falo a verdade do porão
contra a mentira do timão.
abro o mar com meu negro drama.
meu corpo é fechado para a fama e a lama.
não tem senhor que mande no meu destino.
sou pérola negra dono do meu próprio brilho.
driblo chicote com a minha ginga.
capitão bobo leva rasteira.
na capoeira, come poeira.
quilombo rei zumbi me defenda.
faço gol de letras palmares,
com arte, suor e grandeza.
escrevo a nossa vivência
evitada por autoria defunta.
na caixinha de fósforo astuta,
acende o samba dos meus bambas.
bezerro folgado,
desmama.
ovelha negra
diz
mama
áfrica.
liberdade vem de ti
- não da princesa -,
mais vale o canto ancestral
que o grito da nobreza.


- Marcos Fabrício -