República do Pensamento

RIOS

Marcos Fabrício
BH, 5/10/2002

Noite escura. Voz interna.
Leituras de vida, minha vida.
Ninguém se anima
A ficar só a desistir do ser.
Dedos calam a minha boca
Mesmo assim não paro de falar
Ilusões a me guiar
Faz corpo de mulher
Toma forma o silêncio do meu bem-querer.
Sopram nos meus ouvidos – ventos, o feminino.
Surdo – o masculino – assume o não-ser.
A palavra dela transforma a minha morada
Numa praça de carinhos folgados.
Meu corpo não foi tomado
Pelo impulso da tua língua abusada
Diversas ondas de prazer
Desafiaram o intocável da minha pele
A buscar o suor e demais águas
Nas correntezas dos nossos rios encontrados.