República do Pensamento

AOS IDEAIS DE ONTEM

Hoje temos um ideal, o capital
Pois sem ele não posso ter o carro ideal
Sem o momento da luta luto por capital

Aqui na capital não conheço outros poetas
Há uns que de tudo muito espaçosos
Poetas precisam se comprimir no espaço

A voz surda do poeta atravessa as marquises
Passa por cima das casas e ecoa só
Enquanto nas repartições se espera o ordenado

Não há mais Marighelas dispostos
Já que também não há causas postas
Só pessoas postas de costas ao espelho

Por isso clamo aos cegos de ontem
Que nos façam enxergar hoje
O que Honestinos nos mostraram, os vis

Chamo quem não se indigna com a miséria
Para comprar um carro bonito
E não se achar esquisito dentro da capota

Aos que acham governo seu a estranheza
Se julgam pobres na sua riqueza
E sobretudo amáveis na sua vileza

É a esses que o poeta se dirige
Que espera um pouco mais
Só um pouco mais de amor e paz.


>>escrito na Universidade de Brasília em 2004 durante aula do prof. Gilberto Martins (USP)... a matéria que ele dava era literatura contemporânea?... dia em que fazia "aniversário" a invasão pelo regime... morreu o irmão mais novo do Honestino Guimarães nesta segunda...

* Gustavo Lucas