SUCO DE MIM
sou fruto
da transa
entre minas e maranhão
sujeito transado
nasci na contramão
em um domingo bêbado
anunciando a segunda sóbria
sou o cisne preto
que encanta o lago paranoá
mais do que a terceira ponte
marcos vem de marte
deus da guerra
vivo em conflito
sem ele o amor não existe
fabrício significa
aquele que fabrica
sai desta fábrica
o melhor de mim
– meus versos
tirados de ouvido
lopes da silva
quer dizer
lobo da selva
a natureza é o suco de mim
a cultura não é só o açúcar refinado
mas também o mascavo
não quero o adoçante
esse é para o mundo light
sou tão radical
que além das raízes
quero muito bem as sementes
incluindo aquelas que não vingaram
mordo rindo
lato chorando
quando me olho no espelho
vejo o cerrado
meio satélite
meio plano
me fiz mais ou menos assim
mais ou menos assado
saí do traço de niemeyer
nasci no asfalto
quero o barro
* Marcos Fabrício
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