República do Pensamento

QUANDO A SAÍDA É A ENTRADA
Marcos Fabrício Lopes da Silva


Passei por conturbações espirituais, psicológicas e orgânicas pesadas neste fim de semana. Dei fim ao drama através da ternura. Em respeito a arte poética que entra em mim, fica em mim e sai de mim, tomei a decisão certa, inclusive acalmando o desespero no caminho da luz companheira que tanto me guia. Confesso que me excedi, sou um sujeito transbordado. Achei que só bastava aumentar o tamanho do copo, para que o problema se resolvesse. Engano meu. Tem que se controlar a dose depositada no copo. E isso é dose! Difícil pra inteligente!!!


Louco isso: na verdade, eu me demito quando passo por cima dos meus princípios, trabalhando exclusivamente pelo ganha-pão, deixando em segundo plano o ganha-beleza. Paguei a língua. Ou melhor, entreguei de bandeja a minha palavra. A palavra é o nosso maior patrimônio. Penei no calvário da insatisfação.


Ergo a cabeça porque tive a coragem de pelo menos ter experimentado o desafio. Preferi isso as minhas costumeiras especulações. Antes tentar do que ficar com medo de tentar. Saí do emprego com as portas escancaradas. Foi uma conversa respeitosa: os pingos nos "is" foram colocados com delicadeza tanto da minha parte, como da coordenação. Sai de lá com a sensação de dever cumprido, já que sempre entrava e saía de lá com a determinação de dever comprido. Fazia o trabalho de um batalhão de revisores. Um soldado sozinho não faz o exército. Nem mesmo um marechal. Apresentei resultados satisfatórios, mas o processo foi sacrificante. A coordenação reconheceu meu empenho e lamentou minha saída. Eu comemorei minha saída e lamentei meu empenho. Como são as relações trabalhistas, companheiro! Esta novela chegou ao fim. Sei que o novelo ainda não. Ainda tem muita linha pra empinar essa pipa chamada vida.