República do Pensamento

TUBARÃO BRANCO

Navegando afogado,
nadando contra a corrente,
sou passageiro-motor
que leva nas costas o furioso tubarão branco.
Ele rompe os mares com fome de propriedade,
lubrificando sua ira com o meu suor
e lavando sua alma com o meu sangue.
Na próxima terra à vista,
serei cuspido, escarrado.
Carne nova no pedaço,
negra no atacado,
servirei aos estômagos finos e requintados
daqueles que sempre tiveram como hábito
cuspir no prato que comeram.

* Marcos Fabrício