República do Pensamento

NAMORADINHA DE INFÂNCIA

eu olhava de rabo de olho
aquela boneca
mais interessante
do que os meus carrinhos.

bola com os amigos
não tinha mais graça.
alcançaria a graça
se ela me desse bola.

bom de tabuada,
perdia logo a conta
quando a menina dos olhos de jabuticaba
me deixava no pátio da escola
com água na boca.

aprendi o português
para falar bem o idioma do amor,
mas na hora h do dia d
fiquei mudo,
ou melhor,
todo ouvidos.

pela primeira vez,
a estrela do colégio
me deu um bom dia
e um largo sorriso.

ganhei o dia,
ou melhor,
ganhei a vida
na microeternidade
do primeiro amor.

* Marcos Fabrício