República do Pensamento

VIRADO PRA LUA



coração pela boca
sem você ao meu lado
solidão me tortura
pedra no meu sapato
vivo só de memória
fico bem no passado
o presente da angústia
faz um mal bocado
ando de mim desligado
ligado na tomada do outro
mesmo assim caço como louco
o tesouro encantado
traço a carne saborosa
com uma puta fome de osso
pela dor dos meus calos
pelo refresco do atalho
surdo escuto
falo falho
torto vivo
entre o ontem condensado
e o amanhã anunciado
que nem bebê querendo mamar
saio à procura do melhor que há
em mim
sem saber se o sol é sortudo
porque nasceu com o cu
virado pra lua



* Marcos Fabrício