DIGESTÃO CAVALAR
extraio a raiz quadrada da minha insônia
elevo a enésima potência do meu sonho
descubro com quantos sonos se faz um travesseiro
somo os dias acordados querendo dormir
subtraio as noites dormidas precisando acordar
multiplico o produto da nossa digestão cavalar
divido o copo d'água com o bêbado do bar
e ele me manda praquele lugar
onde o raio faz mais trovoada
da bela dama ficou a fama do seu rebolado
fora do compasso dei voltas e voltas na lua
de que vale o seno sem a tomada de cena
de que vale o cosseno sem estar com você
tangenciando os problemas
as soluções escapam em progressão geométrica
no gráfico do tédio nem o santo ajuda
beijos de língua formam perímetros amorosos irregulares
o meu lado mais o seu lado dá um disco de vinil
o buraco no meio não é feio
pois dançar conforme a música
faz balançar até a lei do silêncio
* Marcos Fabrício
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