DOIS IRMÃOS
Minha alma é de cigano
A sua é de condomínio fechado
Meu teto é feito de estrelas
Seu chão vive azulejado
Eu boto a boca no trombone
Você se tranca e guarda o cadeado
Ando a pé para sentir o vento
Você só vive acelerado
Pego carona com quem não conheço
Você da sombra vive desconfiado
Meu coração bate por poesia
Sua cabeça, no final, só quer o salário
Eu faço de conta
Você faz a conta
Na hora da balança
Dois pesos e nenhuma medida
É que na hora de dividir o pão
é o pão que nos divide
É que na hora de dividir o pão
é o pão que nos divide
Não adianta nas veias correr o mesmo sangue
Se esse mesmo sangue não for capaz de promover
Eu e você, dois corações, pelo bem comum viver
* Marcos Fabrício
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