República do Pensamento

BUEIRO

Vou montar um bueiro.
Não acredito em elétrons.
Ver é um patamar muito correto.
Que toda a sua vida sirva de céu.
Que todo o seu amor sirva de vôo.

Eu sirvo de pássaro.
Levo a vida no bico.
Vôo ao encontro do caos.
O medo do caos fascina o homem
que não se apropria de fundamentos.

A liberdade está em cima de um abismo.
Quero pousar na terceira margem do rio.
Desafiar espelhos que refletem as redondezas.
Experimento um mergulho,
o suficiente para que as águas se quebrem.
Meu corpo amolece.
Sou amigo oculto de mim mesmo.

* Marcos Fabrício