República do Pensamento

BOEMIA

estou cansado de mentira sóbria
quero a verdade pé inchada
bebo no gargalo goles e goles de fantasia
bico seco é realidade em demasia
tiro gosto ruim da vida
com filosofia de butequim
falo de cadeira
que o mundo ressurgiu das cinzas
na sexta-feira da curtição
estupidamente gelada de cada noite nos aqueça
limoeiro nosso nos dê sempre caipirinha
aguardente pro santo e pra quem não é santo
é na caixinha de fósforo que sai o grande samba
gente sã sem vergonha assume de boa seu lado tantan
no bar doce bar bebem até deus e satã
dança de bamba não precisa de ensaio
a arte é trocar os passos
sem perder a simpatia
sai para lá tristeza
entra só alegria
e se no final das contas
pintar aquela ressaca
rebata com um santo remédio
uma nova boemia
pra vencer o tédio

* Marcos Fabrício