República do Pensamento

CORRIDA DE TAMPINHA

Marcos Fabrício
BH, 21/11/2002

Corrida de tampinha.
Carro movido a petelecos.
Nada de poluição.
O combustível era da imaginação.
Cada dia era uma pista diferente.
Riscada a giz por mãos aprendizes.
A gente se agachava
E se transformava em Senna, Proust, Piquet.
Valia até vela derretida para dar estabilidade ao carrinho sem rodas.
Tudo corria bem nessa realidade invertida.
A imaginação a galope
Fazia correr nossos pilotos encantados.
Gotas de água em convulsão.
As pistas se apagavam.
As vitórias eram empolgadas.
Era o tempo em que não se colecionava derrotas.
“Há um menino, há um moleque
morando sempre no meu coração...”